"Asteroide Bennu: Ameaça Cósmica que Pode Revelar os Segredos do Sistema Solar"


O asteroide 101955 Bennu, descoberto em 11 de setembro de 1999 pelo projeto LINEAR, é um objeto fascinante que tem atraído a atenção de cientistas e entusiastas do espaço. Com aproximadamente 490 metros de diâmetro, Bennu pertence ao grupo dos asteroides Apollo e é classificado como um objeto potencialmente perigoso devido à sua órbita que o aproxima da Terra. 

Estudos indicam uma probabilidade de 1 em 1.750 de complicações com nosso planeta entre os anos de 2178 e 2290, sendo 24 de setembro de 2182 um dado de maior risco.

Características e Composição:

Bennu possui uma forma aproximadamente esferoidal, semelhante a um pião, com um eixo de rotação inclinado em 178 graus em relação à sua órbita, resultando em uma rotação retrógrada. As observações realizadas revelaram uma superfície repleta de mais de 200 rochas com diâmetros superiores a 10 metros, sendo a maior delas com cerca de 30 metros de extensão. 

Notavelmente, essas rochas contêm minerais carbonatados de alta refletância, indicando a presença de água líquida no corpo-mãe de Bennu antes de sua fragmentação.

A composição mineralógica de Bennu é rica em filossilicatos hidratados, especialmente aqueles contendo magnésio, confirmando a presença histórica de água. Outros componentes importantes incluem magnetita, sulfetos, carbonatos e compostos orgânicos. 

Uma descoberta inesperada foi a presença de minerais fosforados, como fosfatos ricos em magnésio e sódio, encontrados em veios e crostas de algumas partículas.

A missão OSIRIS-REx da NASA, lançada em 8 de setembro de 2016, teve como objetivo estudar Bennu em detalhes e coleta de amostras de sua superfície. A espaçonave chegou ao asteroide em 3 de dezembro de 2018 e, em 20 de outubro de 2020, realizou com sucesso a coleta de amostras. 

Em 24 de setembro de 2023, a cápsula contendo aproximadamente 120 gramas de material de Bennu retornou à Terra, aterrissando em Utah, EUA.

As análises iniciais das amostras revelaram uma predominância de material muito escuro, consistente com as observações da superfície de Bennu, além de inclusões e partículas mais claras. As partículas variam desde poeira submicrométrica até rochas com cerca de 3,5 cm de comprimento. 

A composição e mineralogia das amostras indicam uma alteração hídrica substancial, assemelhando-se aos meteoritos condritos carbonáceos mais primitivos. Além disso, foram específicas fibras pré-solares, como carbeto de silício e grafite, indicando que parte do material encontrou-se totalmente inalterado desde a formação do sistema solar.

Atividade e Fenômenos Superficiais:

Bennu é classificado como um asteroide ativo, exibindo emissões esporádicas de partículas e rochas de até 10 cm de tamanho. Essas ejeções podem ser causadas por fraturamento térmico, liberação de voláteis através da desidratação de filossilicatos, presença de bolsas de água subsuperficiais ou impactos de meteoróides. 

Antes da chegada da OSIRIS-REx, Bennu já apresentava propriedades polarimétricas semelhantes às de cometas, indicando uma possível atividade cometária.

Curiosidades Adicionais:

Rotação Acelerada : Observações indicam que Bennu está aumentando sua velocidade de rotação ao longo do tempo, com seu período de rotação girando cerca de um segundo a cada 100 anos. Essa referência é atribuída ao efeito Yarkovsky-O'Keefe-Radzievskii-Paddack, onde a emissão desigual de radiação térmica causa uma alteração no momento angular do asteroide.

Densidade e Estrutura Interna : A densidade média de Bennu é apenas um pouco maior que a da água, proporcionando uma estrutura interna porosa ou de "pilha de entulho", composta por fragmentos soltos separados juntos pela gravidade.

Nome e Significado : O nome "Bennu" foi escolhido em referência à ave mitológica egípcia associada ao Sol, criação e renascimento, refletindo a natureza primordial e os processos de formação planetária que o asteroide representa.

O estudo de Bennu oferece insights valiosos sobre as condições primitivas do sistema solar e os processos que levaram à formação dos planetas e à origem da vida. A presença de compostos orgânicos e minerais hidratados nas amostras sugere que os asteroides podem ter desempenhado um papel crucial na entrega de água e moléculas orgânicas à Terra primitiva. 

As análises contínuas das amostras de Bennu prometem aprofundar nossa compreensão sobre a evolução química e física dos corpos celestes e fornecer pistas sobre a potencial habitabilidade de outros.

Em resumo, Bennu não é apenas um objeto de interesse devido ao seu potencial risco de impacto, mas também uma cápsula do tempo que preserva informações essenciais sobre a história e a composição do nosso sistema solar.

Referências da Matéria: Nasa.gov Arxiv,Cornell University

 

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