Alemanha Aprova Uso de ''Força Contra Drones Não Identificados em Áreas Críticas''

O governo alemão autorizou suas Forças Armadas a abater drones não identificados que representem ameaças a bases militares, instalações industriais e infraestruturas críticas. Essa medida faz parte de uma emenda à Lei de Segurança da Aviação, que está prestes a ser aprovada pelo gabinete do chanceler Olaf Scholz. 

A decisão surge em resposta a um aumento no número de drones suspeitos sobrevoando áreas sensíveis no país, com relatos de espionagem e possíveis ações de sabotagem.

Motivação da Nova Medida

Os drones detectados recentemente têm sobrevoado zonas restritas próximas a instalações como bases militares, fábricas de energia e infraestruturas de telecomunicações. Muitos desses dispositivos demonstraram resistência a tecnologias de interferência, até então usadas como principal ferramenta de defesa contra essas ameaças. 

A nova legislação permitirá que os militares utilizem força letal contra os drones, caso sejam identificados como uma ameaça iminente, substituindo a abordagem anterior que limitava as respostas ao uso de bloqueadores de sinal.

A ministra do Interior, Nancy Faeser, e o ministro da Defesa, Boris Pistorius, ambos do Partido Social-Democrata (SPD), lideraram as discussões sobre a implementação dessa medida. 

Segundo fontes próximas ao governo, os incidentes recentes levantam suspeitas de envolvimento de atores estatais, com possíveis vínculos com espionagem ou terrorismo. Entre os principais suspeitos estão Rússia e China, embora o projeto de lei não mencione países específicos.

Nas últimas semanas, drones avançados foram avistados próximos a locais estratégicos, incluindo a base aérea dos EUA em Ramstein. Esses dispositivos, capazes de alcançar velocidades superiores a 200 km/h, sugerem um nível tecnológico que vai além do encontrado em drones comerciais. 

Além disso, relatos indicam que os alvos frequentemente incluem bases usadas para treinamento de soldados ucranianos, reforçando as suspeitas de que a Rússia possa estar envolvida.

Um caso emblemático ocorreu em novembro do ano passado, quando um drone suspeito foi avistado próximo ao porta-aviões britânico HMS Queen Elizabeth, no porto de Hamburgo. Na ocasião, o drone foi neutralizado por um transmissor de interferência, mas escapou rapidamente após a intervenção.

Incidentes semelhantes também foram relatados em outros países europeus, como Suécia, Reino Unido e Estados Bálticos, indicando uma possível campanha coordenada de monitoramento ou sabotagem.

Esforços Legislativos e Adoção de Novas Tecnologias

A nova legislação marca uma mudança significativa na postura da Alemanha em relação à segurança aérea. Até agora, a intervenção militar contra drones era limitada a cenários extremamente restritos, como o abate de aeronaves militares hostis. 

Com a emenda, forças locais poderão solicitar auxílio militar para lidar com drones suspeitos, ampliando significativamente a capacidade de resposta do país.

O governo também tem investido no desenvolvimento e na aquisição de tecnologias avançadas para detectar e neutralizar ameaças aéreas. A empresa alemã que fabrica o bloqueador de sinal “Effektor HP-47” deve desempenhar um papel central nessa estratégia, enquanto novos sistemas de radar e inteligência artificial estão sendo considerados para reforçar a detecção precoce de drones.

A decisão alemã já começou a atrair atenção internacional. Em Pequim, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Guo Jiakun, negou qualquer envolvimento da China em operações de espionagem na Alemanha, classificando as acusações como “infundadas” e “especulativas”. Por outro lado, a embaixada russa em Berlim não respondeu a solicitações de comentários sobre o assunto.

Embora nenhuma evidência concreta tenha sido apresentada até o momento, analistas apontam que a intensificação das tensões entre a OTAN e a Rússia, especialmente em relação ao conflito na Ucrânia, pode ter impulsionado uma escalada de atividades de vigilância e sabotagem. 

Para muitos especialistas, o uso de drones avançados reflete uma nova fase na guerra cibernética e nas operações de inteligência entre grandes potências.

A autorização para o uso de força contra drones não identificados é vista como uma medida necessária para proteger a infraestrutura crítica da Alemanha. No entanto, críticos alertam que a nova legislação precisa ser acompanhada de regulamentações claras para evitar possíveis abusos e garantir que as respostas sejam proporcionais às ameaças.

Além disso, especialistas em segurança cibernética enfatizam que drones podem ser apenas uma parte de uma estratégia maior de ataques híbridos, que incluem ataques cibernéticos e desinformação. Nesse contexto, a Alemanha também está fortalecendo sua infraestrutura digital para responder a ameaças emergentes.

Com a aprovação iminente da emenda à Lei de Segurança da Aviação, a Alemanha dá um passo significativo para enfrentar os desafios impostos pela crescente sofisticação tecnológica de drones suspeitos. 

Embora a medida represente um avanço na proteção da segurança nacional, ela também ressalta o cenário global de crescente tensão geopolítica e a necessidade de uma cooperação internacional mais robusta para lidar com ameaças híbridas.

Essa evolução demonstra como a tecnologia, quando usada de forma mal-intencionada, pode desafiar até mesmo as nações mais preparadas, exigindo soluções rápidas e eficazes para salvaguardar a segurança e a soberania de seus territórios.

Referência da Matéria: MSN

 

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