Uma equipe internacional de cientistas, incluindo dois pesquisadores da Universidade Nacional Australiana (ANU), está se preparando para uma expedição pioneira à Fossa do Japão.
A missão visa entender melhor as causas dos tsunamis, especificações naturais capazes de gerar destruição em massa, como o devastador tsunami que atingiu o Japão em 2011.A equipe embarcará em Chikyu, considerado o navio de investigação científica mais avançado do mundo.
A bordo, os cientistas perfurarão diretamente a zona de falha sísmica de Tōhoku-oki, local do megaterremoto de 2011.
Esse evento resultou de uma liberação abrupta de estresse acumulado ao longo de centenas de anos, fazendo com que a placa tectônica na qual o Japão está localizado foi deslocada violentamente para cima e para o leste, gerando um tsunami de grandes proporções que afetou vastas áreas dos país.
Ron Hackney, geofísico da ANU e diretor do Consórcio Internacional de Perfuração Científica da Austrália e Nova Zelândia (ANZIC), estará entre os especialistas da expedição, que deverá durar sete semanas. Hackney destaca que esta é uma iniciativa ousada e multinacional, com especialistas de mais de uma dúzia de países envolvidos.
“Estamos empenhados em desvendar os detalhes sobre como os terremotos e tsunamis ocorrem para que possamos melhorar a preparação e reduzir o impacto de eventos futuros”, explicou Hackney.
Os cientistas irão perfurar até uma milha abaixo do fundo do mar, em águas com aproximadamente sete quilômetros de profundidade, coletando amostras de ambos os lados da falha tectônica.
Essas amostras de núcleo serão analisadas para determinar sua densidade, porosidade e resistência, entre outras propriedades, além de investigar os fluidos presentes nas rochas. A meta é obter uma compreensão detalhada da estrutura geológica que desencadeia terremotos e tsunamis.
Professores da A.N.U vão acompanhar a equipe por duas semanas como agente de extensão, documentando o trabalho e as percepções dos cientistas. Ele analisará as concepções dos pesquisadores sobre a importância e o impacto de suas descobertas, além de como pretendem comunicar esse conhecimento ao público.Importância da Expedição Internacional de Descoberta Oceânica (IODP)
Essa missão faz parte de uma investigação científica que já dura uma década, o Programa Internacional de Descoberta Oceânica (IODP). Ao longo dos anos, o programa realizou 58 expedições de perfuração, explorando diferentes áreas da crosta terrestre para avançar o conhecimento sobre zonas de subducção e outras formações geológicas.
“Até agora, enviamos 81 pesquisadores australianos e neozelandeses em missões científicas que já extraíram quase 100 quilômetros de núcleo”, disse Hackney.
Os dados foram coletados durante essas expedições durante anos, aprofundando a compreensão global sobre terremotos e a dinâmica das placas tectônicas. Essas informações podem ser cruciais para desenvolver sistemas de alerta e estratégias que minimizem os danos causados por essas características naturais.